Acordaste, como quase sempre acordas nesta época do ano, com o sol a bater de frente, a espreitar pelo rio e depois a aquece-lo por inteiro. Levantas a cabeça e deixas a franja abrir para deixar entrar o sol e deixas os olhos tornarem-se do mesmo castanho que as terras da minha infância, do mesmo castanho com que ficava a água da banheira quando antes de jantar eu era obrigado a entrar nela. Tal como nesse tempo mas nesta altura do ano, acordas com o sol a bater de frente. As raças e as religiões e todas as diferenças passam pelos teus olhos e poucas parecem reparar na tua franja, que se abriu para deixar passar o castanho dos teus olhos. Eu não me importo com isso, nem sequer me arrependo de te olhar, nessa parede fria que vai aquecendo com o sol e com a cores quentes com que te pintei.
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