Num lugar muito remoto,
todo branquinho e gelado,
existe um Coração abalado,
que se comportou como
um menino levado.
Não me falou do passado,
ficou algum tempo calado,
enquanto a neve caía de mansinho
e ia cobrindo todos os caminhos
por onde o Coração alado,
viajava no tempo,
através de céus e mares
até encontrar outro Coração,
que batia descompassado,
cada vez que observava
o sorriso que se abria,
quando o Coração
aos pouco se convencia,
de que era preciso esquecer
toda a angustia que sentia.
Enquanto a Neve caía,
o Coração percebia
que sua asas precisavam se aquecer,
fazer a cera derreter
e quando estivesse curado,
poderia se lançar no espaço
e voar tão alto,
que todo o passado ficaria esquecido
e faria novamente esse Coração
por outro Coração se enternecer
e com carinho,
tudo o que existia de errado
ficaria enterrado,
na neve branquinha
que acabava de derreter...
Débora Benvenuti
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