Essa época me lembra sempre a minha infância. Os amigos reunidos, a expectativa da fogueira sendo montada, sempre na esquina da minha casa, porque ali não havia o perigo dos fios de luz e a fogueira quando era acesa, podia ser vista por muitas quadras.
O quentão,a pipoca e o pinhão esquentavam a noite e o casamento caipira,era uma das brincadeiras mais engraçadas e iam até de madrugada. Pular a fogueira, quando o que restavam eram só brasas ardendo era pura diversão. Os foguetes e as estrelinhas, feitas com um bombril aceso, amarrado a uma vareta, iluminavam a noite e davam um toque especial aquela noite mágica. E as simpatias, que eram ensinadas pelas tias e avós, não havia quem não quisesse fazer. Escrever o nome dos futuros namorados em um pedacinho de papel, dobrar com cuidado e esconder debaixo do travesseiro e no outro dia, pegar um papelzinho ao acaso e o nome que ali estivesse escrito, era o do namorado.
Outro simpatia que passava de geração à geração, era cravar uma faca na bananeira, exatamente à meia noite e retirá-la ao raiar do dia. Aparecia então o nome do futuro marido. Acreditem ou não, quase todo mundo fazia, embora muitos dissessem que não. E o véu de noiva, era o que mais se fazia. Colocar uma clara numa bacia, com um pouco d’água, no sereno da madrugada. Se a clara crescesse, era porque iria ter casamento em breve e por aí seguiam as simpatias ensinadas e todas elas experimentadas por todas as meninas. E a dança da vassoura? Era uma das brincadeiras mais divertidas. Começava com todos dançando, cada um com seu par, enquanto apenas um dançava com uma vassoura. Quando a música parava, todos trocavam de par. Quem sobrasse, dançava de par com a vassoura e assim seguia a brincadeira pela noite inteira. Bons tempos aqueles que não voltam mais...
Débora Benvenuti
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