O que te espera

 

O que te espera

Portuguese

Deixa-me dizer-te que não vais conseguir fazê-la feliz, pois é a verdade. Ninguém vai. Ela quer o que não pode ter, o que perdeu por deixar de crer. Ela quer uma pessoa que vive no passado e nele está congelado. O seu coração está corrompido, iludido, quebrado, partido. Não o vais consertar porque ela não vai te amar. Mas vai querer te usar. Ceifadora de almas a procura, em corações alheios, algo que o passado faça despertar.

Tu vais cair, vais te despedaçar, vais acabar por trair para sentires o poder no ar. Vais te iludir e o teu amor próprio, ao pó, se vai reduzir. Vais sentir a dor que eu estou a sentir e só assim entenderás que não estou a mentir. Deste o primeiro passo, agora agarra-te à tua essência.  Acabaste de decretar a tua própria sentença. E esta ferida, no teu peito escancarada? Não sabes se irá cicatrizar... o teu reflexo no espelho também se está a afundar.

Deixa-me dizer-te que sou eu a memória por quem ela está apaixonada. As suas palavras mentem, mas o olhar é de uma pessoa frustrada.

Eu ainda a amo, mas nada vai voltar. Mudei para o meu próprio bem e, a figura frágil que eu protagonizava, no passado vai ficar.

Pois...
Sinto-me arrependido, e só desejo nunca a ter conhecido. Assim ela nunca teria partido e me deixado a pensar no erro que eu não tinha cometido. Não houve erros, houve apenas ilusão, e uma garrafa de whisky velho na mão para esclarecer as dúvidas sobre o fio e a navalha desfaçados de paixão, destruidora apenas de um coração. Em vão. E por todas as lágrimas amargas, palavras vazias, olhares perdidos, malditas manias, promessas quebradas e sentimentos fingidos, hoje a resposta é não!

Enquanto escrevo isto não me sinto inspirado, estou apenas irado e um pouco mal tratado.  Não há mais tempo para mim, a minha mente é prisioneira de uma questão incansável e, até hoje, inabalável e, com isso, fiquei impenetrável, abandonando o meu eu amável. Na verdade nem me sinto apresentável neste estado lastimável.

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