Um olhar!
Apenas um olhar!
Tão distante o horizonte!
A paisagem tão bela, como belo é o teu olhar!
Azul profundo, verde mar, castanho elegante, preto intenso, a cor dá-te luz mas é o brilho que me seduz!
O encanto, o mistério, a graciosidade, a forma como apenas com a íris dominas a humanidade!
A culpa, a cumplicidade, a certeza, a inocência de menina, tudo está escrito na tua retina!
Olha para mim, olha por mim!
O tempo o teu rosto vai envelhecer, os teus olhos enrugar, apesar de tudo, nunca mas nunca deixes de me olhar!!!
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Ensinas-me a Dançar?
Se me ensinasses a dançar, eu vestia o meu melhor fato, passava graxa no sapato, engomava aquela aquela gravata que nunca tirei da gaveta, pulveriza-me suavemente com aquele perfume que me destes quando fizemos anos de casado, um pouco de brilhantina no cabelo para cortar o vento e esperava até sentir o bater do teu coração, respirar o ar que tu expiras, fundir o teu perfume com o meu, e 'let's go dance', um passinho para trás um passinho para a frente, o chão incerto fazia-nos parecer levitar, mesmo que chovesse, aprendia a dançar nem que fosse ao brilho do luar! Teu fato roçava no meu, teu olhar me hipnotizava, numa noite inesquecível, em que para mim tu eras tudo e eu quase nada!!!
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O Moinho!
Ventos de mudança sopram de dentro para fora, levando consigo o antes o depois e o agora, guardando pedaços de nós em vastos rascunhos escritos nas estrelas, recordando difíceis infâncias, sonhos de menino que se fez homem sem nunca ter sido criança, olhando para trás tentando perceber onde errou, sem compreender o passado vai vivendo o presente, pensando no futuro!!! Mudam-se os tempos mudam-se as vontades, construíram-se moinhos feitos em duas metades, de um lado sopram ventos de mudança do outro sonhos, vida e esperança! Se sentirem que ventos de mudança querem beijar as velas dos vosso moinho, cortem as searas e sintam o cheiro da farinha acabada de ser lambida pela mó vida!!!
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Eu ás vezes viajo!
Sem mover um músculo, percorro vales e montes, bebo em todas as fontes, mergulho em águas turvas, conheço Reis, Duques e Viscondes, rezo aos deuses da sabedoria, troco passos soltos por uma boleia de ocasião, de noite o sol brilha, os anjos dançam ao luar do meio dia, crianças saltitando pelas pedras da calçada, soltam risos perdidos entre dor e fome, na estação, o ranger das linhas anunciam mais uma partida sem destino, de paisagens bíblicas a quadros pintados a carvão a cheirar a tragédia e suor, de pequenos lagos a transbordar de lágrimas caídas ao serviço de todos nós, tudo se vê através daquela janela parcialmente aberta!
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O Caminho Certo
É num silêncio surdo, que escrevo breves palavras, rabiscos de uma passagem ou sombras de uma vida, uma cega certeza, ou apenas uma história vivida, umas talvez absurdos, outras, gritos de raiva, são vozes mudas de um coração ferido, escritas em velhas ardósias, salpicadas de sangue derramado em cegas batalhas, são olhos que brilham, sem nunca terem visto, são pedras no sapato ou apenas lágrimas de Cristo, são sonhos de menino, perdidos no incerto, é o amor, amizade e uma família que o passado o presente e o futuro irão testemunhar se percorri o caminho certo!!!
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A Gruta!
Numa gruta profunda, de olhos vendados, tento escalar paredes incertas sem cordas nem rectas, a escuridão que me ilumina é a luz, é a sina, é caminho sem cortina, é um porto de abrigo sem barcos, um coração em cacos, olhos inchados, são sapos em charcos, carroceis de uma vida, são cores salpicadas de tintas misturadas, são sonhos perdidos, meninos escondidos, são asas de anjo rasgadas, ribeiras secas, jangadas quebradas, são tudo e não são nada, são o ultimo segundo de uma hora finada!!!
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