Incompleto
Nos meus silêncios construo coisas perdidas,
Vis momentos em que a vida perde a vontade,
Nada são as sobras de tudo o que eu já perdi,
Serve-te do meu sangue e deixa-me despidas,
As veias, como chacal que és, sabes que morri,
Pelos caminhos que percorri perdendo a idade.
Só conheço as sombras que nasceram da luz,
As tuas cinzas nunca foram meu fogo quente,
Dos nossos sonhos nascem as cores desiguais,
Os pobres e a fome permanecem amordaçados,
Nunca te encontrei, nem ao teu mundo perfeito,
No espaço escondem-se as preces intemporais,
E os ricos famintos mantêm os olhos vendados,
Quando a verdade é a ironia com que me deito.
Os teus inimigos à distância de um cadafalso,
E a sentença defende os mesmos opressores,
Deixo o meu corpo contigo se for o teu desejo,
Tens os passos à deriva e o sonho terminado,
Agora que chegaste não sou capaz de te amar,
A resistência segue agora num fúnebre cortejo,
Ao pescoço, Cristo… preso por um fio dourado,
As mãos em prece divina a Deus que vi perdoar…
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