Sempre considerei que não existem "irrecuperáveis".
Alguém me disse, um dia, que as pessoas não mudam, nunca.
Muito menos para melhor.
Discordei, argumentei, teorizei, com uma vontade visceral em influenciar opiniões.
Porque me interessava, particularmente, acreditar que sim, que as pessoas mudam e podem, seguramente, mudar para "bem melhor".
Por conseguinte, os "irrecuperáveis", não ocupavam lugar na minha cabeça. Por inúmeros motivos.
"Porque o seu perfil desagrada a uns, mas agrada a outros....", "...porque a necessidade impulsiona a mudança...", "....porque a vida se encarrega de ensinar, de disciplinar, de moralizar...", "...porque todos temos lugares secretos, verdadeiros tesouros que só damos a conhecer de vez em quando.....". "porque...... blá blá blá...."
Muitos "porques" depois...., assumo - os irrecuperáveis existem.
Existem por vontade própria.
Existem, porque consideram fazer um "brilharete", ao serem negativamente diferentes!
Existem, porque mudar é evidenciar fraqueza, após anos de uma postura, socialmente consolidada, de "bad boys".
Porque ser desagradável, inconveniente, arrogante, mal educado(a), mal formado(a), deselegante, desmancha prazeres, antipático(a), egoísta, cobarde e outros tantos adjetivos que caraterizam estes seres inferiores, é, para eles, uma enorme e colorida bandeira, porque lhes confere uma pseudo importância de intocáveis!
Porque lhes permite um afastamento e distanciamento, sempre da iniciativa dos outros (claro!!!), que receiam invadir o seu espaço, herméticamente conservado.
Acreditei sempre que, a esses seres, lhes seria dada uma inequívoca oportunidade em mudar. Para melhor.
E conseguiriam, não tenho dúvidas.
Ingenuidade minha. Inocência, ao esquecer-me que, para isso, teriam que querer. Antes, reconhecer precisar, para depois querer. E depois empreender.
Ingenuidade minha ao acreditar que alguns passaram por tal metamorfose, com sucesso.
E que já não são os mesmos. Mudaram. Melhoraram. São umas novas pessoas. Foram recuperados!
Porque se muniram de um breve e superficial revestimento, tão brilhante que ofuscava. E iludia.
Tolice. Afinal, como em tudo, é preciso sê-lo, não basta parecê-lo.
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