Depois de quase um ano fechada no caixote escuro, a Bola Grande Lilás estava feliz pendente da Árvore de Natal deste ano.
Havia amigas e amigos – as Fitas Douradas e as Fitas Vermelhas, os Sininhos Ruivos e as Estrelinhas Cintilantes, e outras bolinhas parecidas com ela, mas mais pequenas.
E havia residentes novos: uma Fita Branca muito brilhante e uns Anjinhos Gémeos tão resplandecentes como ela.
Do alto da Árvore de Natal, avistava-se o mundo: a sala toda! Mesa, sofás, e a lareira emoldurada por uma Fita Verde de que pendiam quatro botinhas à espera dos presentes de natal; a Mãe, o Pai, o Jai, a Mari e o Pantufa.
- Ai! Aiiiiiii...
PLIM! PLIM!
Resvalara da Árvore de Natal, rolara pelo chão e lá estava atrás de tudo, indefesa.
Não era a primeira vez. Nos primeiros anos acontecia-lhe mais. Com o correr do tempo, ganhara experiência e há muito que não sucedia.
Agora tinha de pedir socorro para voltar a gozar as Festas no alto do seu miradouro. Nada a fazia mais feliz – era só um mês por ano, mas nesse mês sentia-se uma princesa.
- Pantufa, tira-me daqui.
O Pantufa veio, contente de brincar com ela. Uma festinha daqui, uma festinha dali, e um «MIAU» tão docinho que já nem parecia tão mau ter caído da Árvore.
Mas logo o Pantufa foi chamado pelo chilrear do Tino e da Tina, que brincavam na gaiola, e lá ficou a Bola Grande sozinha, atrás da árvore.
Os chinelos do Pai também passaram pertinho dela, mas não deram pela sua falta na Árvore de Natal. Como podia ser? Ela era a Bola Grande Lilás!
Se uma criança pudesse desenhar-lhe pernas e braços... ou asas... para ela voar para o ramo mais alto da Árvore de Natal!... Não havia por ali nenhuma.
- Jaime, Marilúcia, já vos chamei para o pequeno almoço!- gritou o Pai.
- Ui, quando o Pai ou a Mãe chamam Jaime ao Jai e Marilúcia à Mari, as coisas estão feias... - pensou a Bola Grande Lilás.
Vieram a correr. Mal entraram na sala, o Jai olhou para a Árvore de Natal e exclamiou:
- Mari, falta a Bola Grande Lilás!
Esticaram-se os dois por baixo da Árvore até a mãozinha pequenina do Jai alcançar a Bola Grande e a puxar até si.
Já de pé, o Jai pediu:
- Mana, põe na árvore. És mais alta. Põe...
A Mari esticou-se muito e recolocou a Bola Grande na árvore.
- De volta! Estou tão feliz! Tudo está no seu lugar.
As Fitas, os Sininhos, os Anjinhos e as Estrelinhas ficaram muito contentes de a ver – tinham sentido a sua falta.
A Bola Grande Lilás era novamente uma princesa da Árvore de Natal.
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