Sinto que estou navegando
num mar calmo e brando
rodeado de sal e flores
que, no lugar onde fores,
farão tua cama, para mim!
Sinto que estou a marear
num peito tranquilo de amor
que me acolhe e aperta
como se numa ilha deserta
meu corpo fosse naufragar!
Sinto que vou viajar
pelas ondas calmas do mar
abraçado por gaivotas loucas
que gritam, quase roucas,
uma nova forma de amar!
Navego, por isso, sem destino
levado pela brisa do caminho
que o vento fará soprar,
olhando, ao longe, o despertar
do sol que me aquece o navegar!
Percorro, deste modo, o futuro
envolto num passado mais duro
que o tempo teima em recordar...
Lembrando, neste meu caminhar,
imagens de um destino seguro
que é o cais mais prematuro
do porto que quero alcançar!
Silêncio!...
É tudo o que oiço
neste oceano profundo,
espaço aberto, moribundo,
do peito do meu navegar!
Silêncio...e tanto mar!
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