~~É outono.
As árvores despem-se de folhas
que caem no chão, como mortas
secas, ávidas, meio tortas
esperando que o tempo, por si
as leve para longe de mim.
Outrora rebeldes e sadias
dançavam à luz, naqueles dias
em que o sol despertava, assim,
cantando doces, meigas melodias
que me aproximavam de ti.
Encolhiam-se nas noites frias
em que a lua se escondia
por detrás de nuvens de ilusão
envergonhadas, como na canção
que certo dia, te ofereci.
E banhavam-se de orvalho
nas manhãs sem agasalho
como se as veias lavassem
e a seiva adornassem
de mil cores, em solidão.
É outono.
E com ele chegou a força
de quem quer viver mais alto
recordando, a cada instante,
a loucura sempre presente
de se poder olhar em frente
mesmo que se ame, em sobressalto.
É outono.
De tom castanho, amarelo, vermelho
pintado de claro e escuro
saídos de paletas cor de pranto
substituindo o verde mais puro
que ontem, de um modo seguro,
enchiam a cidade de encanto.
É outono.
Com ele vem o desejo de meditar.
E o inverno...que está a chegar.
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