É desta vontade de ser dia, que se levanta a noite escura,
Que se levanta devagar, muito devagar, devagarinho…
E a luz que ia amanhecer devagar, muito devagar, devagarinho,
Perdeu-se ela pelo caminho numa rua amargurada,
Numa lua acabada… e perdeu-se…perdeu-se sabendo ainda de nada.
É de carne que se faz o poema, rápido, muito rápido, repentino!
Carne jazida na noite perdida, na noite que é noite ainda na luz,
E a carne jazida se ergue vivida,
Porque é na carne que mora, mas é na alma que impera,
E nasce e cresce e ordena e comanda!
É de carne que é feito, mas na alma matéria.
E fica lá, sempre incompleto e acabado, simples e trabalhado, louco e regulado,
Sendo muito menos uma carne que o sinta,
Que uma alma que o explique!
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