Hugo, meu irmão, meu Amigo

I

Hugo, meu irmão, meu amigo
À muito que te quero escrever
Infelizmente não consigo
Nunca serei correspondido
Isto nunca irás ler

II

Não sei porque partiste
Essa decisão que tomas-te sozinho
Ou se levas-te um empurrãozinho
Mas deixas-te muita gente triste

III

Tu?! Tão grande meu irmão
Uma vida perdida em vão
Por alguém que não vale um tostão
Já ela tem duas ou três
E tu de baixo do chão
É que te foste de vez
Tu, tão grande meu irmão

IV

Foi um privilégio e um prazer
Fazer esta viagem contigo
Palhaçadas, bebedeiras e lazer
De manhã ao anoitecer
Com uma mão cheia de tudo
Deitas-te tudo a perder
Será que por algum instante
Te chegas-te a arrepender?

V

Fizes-te o sem retorno
Não há nada a acrescentar
Tiras-te a cor ao Outono
num acto imprudente e sem pensar

VI

Deixas-te todos de coração partido
Mas nunca serás esquecido
Foste uma valiosa lição
Digo-te, apesar de desiludido
Quem ama faz coisas sem explicação
Mas abandonaste-nos por uma fracção
Do amor que poderias ter recebido

VII

Este é o teu segredo
Levaste-o mesmo contigo
Onde estiveres descasa em paz
Hugo, meu irmão; meu amigo!