(Ler com Música)
Desde que acabou eu tenho tido dias memoráveis, noites memoráveis, tardes memoráveis, indescritíveis por muito que a capacidade me pudesse dotar.
Eu fiz, eu vivi, eu estive em sítios que o tempo e a vida em conjunto formaram numa magnifica junção, eu vivi e eu senti muito, e as emoções nasceram em mim num misto de magnificência, eu dou por mim a contar algumas dessas historias que vivi e as pessoas nem acreditam que eu as realmente tivesse vivido, algumas historias tão loucas que as pessoas julgaram que a minha imaginação não tinha limites, eu coleccionei historias e lições de vida para contar aos meus filhos, eu coleccionei pequenas lendas de tasco, eu coleccionei magia e elas, foram verdadeiras, apesar de tudo, impensávelmente, nenhum destes momentos estava completo, na verdade, não estavam nem perto de estar completos, nem perto, e foi ela que tornou todas estas memórias incompletas, foi a falta dela, foi a falta da alegria dela, a falta do cinismo e do toque dela, a falta de toda ela. Nos vivemos neste mundo de merda feito pelo homem e somos ensinados a lutar uns contra os outros para ganhar, mas nada vale a pena se não for completo e ela, ela... ela completava-me... ela... Ela fazia fazer sentido, ela fazia tudo fazer sentido, fazia o capitalismo fazer sentido, fazia o esperar fazer sentido, fazia a própria vontade, que já de si não faz sentido, fazer sentido e com ela qualquer lugar fazia sentido, qualquer espaço iluminado fazia sentido, qualquer passo aguardado e sorriso guardado até a olhar levantado, tudo isso era fruto, energia e ar, tudo o que eu precisava para o meu bem estar, o pequeno pedaço de amor no seu olhar, já não sei por onde caminho sem aqueles caloroso mar de sentido, tão invulgarmente desejado, todo o pedaço de corpo fervorosamente ansiado, é frio de mais o ar que suspiro, cinzentas de mais as cores que me envolvem, oh como caminho sem fim, sem vontade nem lume sem desejo nem rumo, nada, nada! nada! nada! nada! um saco vazio com pernas!!!!!
Ruca Soros
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