A pergunta mais impertinente ao começar a escrita por qualquer pessoa que escreve sem um objetivo ou um proposito inicial é sem duvida – Que começar a escrever? Ou, talvez um, Por onde começar?
Sem a minima ideia de por onde ou até mesmo o que escrever, eu os deixarei aqui um pouco do que é na realidade um pouco daquele escritor que levo dentro de mim.
Sem duvida que iniciaremos este conto numa noite escura e... Obviamente trataremos de assuntos serios e reais, de isso podem estar seguros...
Ano 1980. Nove e pico da noite. Tudo aparentava ser apenas mais uma daquelas noites sem fim, fria e tenebrosa. Não, este pequeno livro não se tratará de terror ou sobre algo medonho que atormenta ou atormentava as noites daqueles dias. Mas deixemos o tema destas poucas linhas para que você as deslinhe por si mesmo ou mesma.
Comecemos... Dava eu um passeio pela linha costeira bem agasalhado, admirando a paisagem noturna única que esta vida nos tem para oferecer.
Sobre mim, luzes de todos os tamanhos e feitios trazem alegria aquela noite escura. Ao longe risos fazem do tenebroso algo passageiro. Deixo um sorriso escapar. Impossivel não o fazer já que o riso que oiço é sem duvida um dos mais hilariantes que até então já tinha ouvido. O cais da pequena cidade do qual me aproximo parece me agora algo de um muito distante passado. Algo que por cada dia que deixamos atrás se distancia com os projetos que vão surgindo à sua volta. Mas há algo que nunca muda, as pessoas que o enchem e deixam lá a sua presença ano após ano. O cais que viu nascer esta cidade. Que tanto tentam preservar no seio de tanta inovação.
De um lado a praia de areia preta que simboliza muito bem a ilha em que vivemos, e do outro a marina que transborda com os seus pequenos iates e bares ou restaurantes e seus visitantes.
Penso para mim mesmo, que excelente noite para um passeio pela baixa da cidade. Vinha já então percorrendo os fins da cidade do Funchal desde a Zona Velha.
Os restaurantes dessa área já nem tinham onde sentar tanto turista que depois das sete da noite procuram sempre o melhor lugar para jantar. Olho já no fim do cais para o topo da cidade e tento pôr os meus olhos na imensidão da noite, nas cores que as luzes deixam pelas encostas.
Que falta de tato, esqueci me de mencionar e peço desculpa pelo crasso erro, mas estamos neste momento presenciando esta cidade numa das suas melhores épocas. Sem duvida na minha opinião, a mais especial. Uma das mais especiais nesta pequena ilha. Atravessamos o momento de compartir alegrias, as iguarias, diversões e acima de tudo e de nunca esquecer as tradições. Estamos na época festiva do Natal.
A temperatura ronda os 14 graus, o agasalho e o copo de poncha são sempre bem-vindos. Então esse copo é algo que não falta na baixa do Funchal a qualquer altura do ano. Todo o bar ou restaurante a serve.
Continuo no meu passeio e decido me sentar um pouco num dos muitos bares que temos na marina do Funchal. Uma poncha, com um pouco de amendoim digo sem demoras ao meseiro. Então nesse momento relaxo e deixo me cair na cadeira, disfrutando e apreciando a azafama das pessoas que nos mesmos planos que os meus passam em frente do local onde me encontro, pessoas essas que seguem em busca de um momento de alegria ou de uma iguaria, e mesmo a diversão que a baixa citadina tem para oferecer.
Pelo canto do olho vejo a forma em que algumas pessoas na mesma pose que a minha apreciam o mesmo que eu, deixando me um pouco até incomodo ao ponto de desviar o olhar daquela azafama mais para o interior do proprio bar onde podiamos ver amigos que no balcao se perdem numa conversa e risadas.
Nesse momento giro novamente a cabeça em direção ao mar e noto o movimento dos barcos, mas o que me chamou mesmo a atenção foi o som das cordas daqueles pequenos iates embatendo nos mastros e os seus pequenos sinos que agora dão espaço forçado a um som mais grave que abafa todos aqueles que se ouviam até aquele momento, anunciando a partida de um cruzeiro. Seu sinal de até um outro dia. Três sons majésticos que ecoam por toda a cidade e capta por breves instantes os olhos distantes de quem passa pela baixa. Adeus. Até outro dia.
Um dos muitos cruzeiros que passam por este porto movimentado nesta altura do ano.
Agarro num amendoim, descascando-o com todo o cuidado e ponho-o na boca, degustando aquele sabor ligeiramente tostado e em seguida misturo um pouco da minha poncha tradicional. Tudo se combina num momento especial que lembra à epoca em que nos encontramos. Tudo se resume na vida a estes pequenos e breves momentos que mais tarde relembramos.
Estamos a dias da vespera de Natal. A noite assim acaba, e o passeio foi algo que ficou na memoria. Mais uma memória. A noite enfim, não poderia terminar sem uma canja quentinha para aquecer o espirito e aconchegar o corpo antes de repousar numa cama quente. Sonhos felizes. Sao dias especiais.
O dia seguinte amanhece com os sinos que dão sinal a mais uma missa, outra das tradições madeirenses, das muitas que existem. Missas que antecipam com pompa e circunstancia o dia 24 e a Missa do Galo que normalmente ocorre sempre no dia 24 de Dezembro à meia noite. São dias especiais sem duvida alguma.
Um dia de sol como este não se deve deixar de aproveitar, assim que preparativos feitos e no nosso prõximo passeio vamos até ao poiso depois de um pequeno almoço reforçado. Um pequeno passeio pelas serras da Madeira para tornar o final de mais um ano ainda mais especial. Bem preparados, pois as temperaturas podem variar entre os 18 e os 0 graus nesta altura do ano. Em diversos anos temos mesmo a honra de poder disfrutar de um pouco de neve nestas areas da nossa pequena ilha. A pequenada sempre agradece dias abencoados com o manto branco. E os adultos adornam seus carros com os tradicionais bonecos de neve na frente dos seus carros. Eu sou um dos quais que sempre trato de o fazer quando a oportunidade surge.
Seria pecado passar pelo poiso e não provar o cortado para aquecer os pulmões e preparar-nos para as subidas e descidas da vereda que nos trouxe até estas bandas.
E assim, penso para mim mesmo, depois de fazer o meu pedido qual seria a melhor decisão a tomar? Sento me na esplanada ou deixo me pelo calor que nos oferece o estabelecimento. Não, decido me enfrentar o frio. Afinal é para isso que aqui estou.
Terminando o cortado e nos pomos em marcha. Logo em seguida já podemos apreciar os excelentes verdes, os diferentes tons que a natureza nos oferece num cenário único deste mundo. Algo que só mesmo neste canto de paraiso podemos ter acesso. Pois não se trata de apenas as paisagens, mas também da companhia e o ambiente. É algo unico que se aconselha vivamente. Passeios onde a natureza permanece intocada. Onde o tempo parece não passar. Por várias vezes parava e deixava me levar pela sensacão de que já não tinha que percorrer mais a vereda, que poderia permanecer ali por horas disfrutando de tanta beleza.
Os dias passam, jantares em familia, muitas mais tradicões se cumprem, se oferecem os presentes, licores, broas e outros tantos infinitos doces. Sabem que mais, o Natal aqui na Madeira, e não só, trata se de conviver e saber conviver, nos momentos de preparacão e durante estes dias a época na companhia daqueles que são especiais. São dias bem vividos. Cada um à sua maneira onde diversão é a palavra chave.
Haaaaaaa!!! Mas aqui vem outro ponto alto. Literalmente alto. O ultimo do ano onde mais cores se juntam. Mais pessoas procuram a alegria de mais uma noite onde os desejos de um melhor ano seguinte são sempre parte dos desejos feitos a alguem querido. O fim de mais um ano e já contamos as horas.Todos fazemos diferentes preparativos para este dia. Mas todos temos a companhia de amigos e familia. Todos tentamos ter um dos melhores lugares na cidade para poder completamente apreciar um dos maiores ou mais bonitos fogos artificiais do mundo. Sempre com uma presenca de varios navios ao largo da baia que só trazem ainda mais beleza ao cenário disposto.
3,2,1, Feliz Ano Novo!!!! O céu ilumina se e as pessoas gritam em conjunto. É o apogeu deste momentoque marca um grande final e mais um inicio. As pessoas comecam a distribuir os copos de champagne mas sem tirar os olhos da baia do Funchal, onde uma grande mistura de luzes artificiais demonstram a enorme festa que temos pela frente nesta noite tão grandiosa. As pessoas abracam se. Sorrisos. Copos se echem e esvaziam-se. A festa continua. Foram oito minutos de fogo artificial que mais uma vez termina com a sua fenomenal bateria que nos deixa por vezes sem conseguir ver a cidade por tanto flash em conjunto. Terminou mais um ano. Regressamos aos copos, jogos e passatempos junto com amigos e familia. Algumas pessoas decidem ir até um local de diversão noturna. Funchal nesta noite tem muitas e variadas opções para quem prefere sair e só regressar a casa pela manhã.
Mais um dia que se acabou. Agora a vida regressa ao normal. Mas para o ano há mais. E o unico desejo que sempre levo comigo, sempre será que o ano que vem seja sempre mehor que o anterior. Feliz Natal e Bom Ano Novo.
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