Nas belas e sombrias terras transmontanas situava-se uma aldeia cheia de luz e alegria. No limite da aldeia vivia uma familia de camponeses, mãe e três filhos.
O pai, nunca mais voltará da guerra do ultramar. A mãe tinha ficado com três crianças a seu cargo e vivia apenas para elas. Na sua casa humilde reinava o amor e a bondade.
Durante anos ela e os filhos trabalhavam de sol a sol para poderem sustentar-se. Tinham apenas uma cabra e nada mais. Trabalhavam os campos e tinham muitas vezes de dividir uma alheira oferecida por uma vizinha mais bondosa. Quando tinham sorte recebiam duas, e se acontecesse por acaso receberem três era uma festa.
A mãe rezava todas as noites a Deus para ter mais qualidade de vida, não para ela pois estar com o filhos já era tudo, mas para eles.
Numa manhã como as outras o filho mais novo, Jonas, viu uma linda mulher ao pé da sua casa. Estava vestida de branco, os seus olhos eram azuis e o seu sorriso, o mais belo que ele já vira em toda a sua vida.
-Bom dia minha senhora.- disse-lhe. E ela respondeu - Coloca estas sementes na terra e verás o que vai acontecer.- desapareceu. E o pobre rapaz ficou pasmado com aquilo mas fez como ela disse.
No dia seguinte como por milagre estava ao pé de sua casa uma linda macieira com maçãs vermelhas lindas e apetitosas. -Nunca vi maçãs tão bonitas e grandes em toda a minha vida- disse a mãe e os filhos concordaram.
Escusado será dizer que se empanturraram de maçãs e lamberam os dedos. Eram realmentes boas e suculentas. As melhores maçãs do mundo, concordaram todos.
No dia seguinte a macieira estava novamente cheia de maçãs igualmente belas. -É um sinal meus filhos! Vamos á aldeia vende-las! Vamos fazer negócio com as nossas maçãs.-
Assim fizeram e foi um sucesso. Vendiam as maçãs todas e dia após dia nasciam mais maçãs na macieira. Todas as pessoas da aldeia queriam compraram aquelas maçãs. Eram viciantes, pareciam feitas de amor.
Passado algum tempo, as pessoas das aldeias vizinhas começaram a ganhar conhecimento disso e também elas iam comprar aquelas maçãs.
Passou algum tempo e a familia foi se tornando adinheirada. Os irmãos compraram todos um casaco de peles e a mãe belos vestidos. compraram também galinhas, vacas e mais cabras.
No entanto, queriam cada vez mais. Já não ficavam felizes por vender maças. Queriam fazer mais dinheiro. Queriam comprar outra casa, quem sabe ir viver para a cidade. Depois começou a haver picardias entre os irmãos. Todos queriam o melhor para eles próprios. Cada um queria levar mais maçãs para vender. Depois surgiu também o encantamento com as mesmas moças. Todas as moças queriam os irmãos pois sabiam o dinheiro que eles tinham. Mas não conseguiam decidir.
O mal estar instalou-se na casa onde outrora jazia a paz e o amor. A mãe nem se apercebia, estava demasiado preocupada com os vestidos que mandava fazer. E até ela já tinha alguns pretendentes.
Um dia, os filhos tinham ido como sempre vender maçãs quando alguém bateu á porta da casa. A mãe abriu. Deparou-se então com uma rapariga vestida em farrapos e com a cara toda suja se terra. Era a Moura. aquela que toda a gente de bem falava na aldeia. Uma pedinte, uma mulher perdida e sem nada. A mãe sentiu repugância e nojo. -Por favor minha senhora, não tenho nada para comer dê-me o que tiver que ficarei satisfeita.- A mãe escondeu-se atrás da porta e gritou "Vá-se embora. Não tenho nada para si.-
No dia seguinte aconteceu a mesma coisa. O no dia a seguir a esse igual. Foi assim durante semanas.
Então surgiu uma ideia na cabeça da mãe. Fez um bolo com as maçãs podres que não podiam ser vendidas e colocou-lhes veneno. -É um favor que estou a fazer ao mundo- desculpou-se a ela própria. Quando a Moura bateu na sua porta e Mãe entregou-lhe o bolo de maçã. -Aqui tem jovem. Espero que não me incomode mais.- A Moura pôs-se de joelhos a agradecer e a mãe fechou-lhe a porta na cara.
Os filhos iam como todas as manhãs vender maçãs mas estavam há muito saturados de o fazer e deitaram-se a dormir num monte. Há muito tempo que já não eram aqueles rapazes trabalhadores e bondosos. Derepente ouviram barulho. Era a mesma jovem bonita que jonas vira no outro dia. A mesma que lhe dera as sementes. -É ela!!- gritou. Sentiram um cheiro delicioso a bolo acabado de fazer e viram que a jovem estava a parti-lo para o comer.
Quando se apercebeu de que não estava sozinha perguntou -também querem um pouco de bolo?-
-Sim- responderam todos. Comeram o bolo todo e não se aperceberam de que a jovem bonita já não se encontrava com eles. Sentiram-se pesados e sonolentos. Cairam no chão mortos.
A mãe reparou que os seus filhos não voltaram e saiu de casa. Foi nesse instante que viu a arvore podre e feia. Nenhuma maçã alguma vez nascera daquela arvóre. Sentiu um peso no coração e foi procurar os filhos. Encontrou-os mortos no meio da monte. Os casacos de peles caros cobriam-lhes o corpo. O dinheiro não os salvou. foi então que apareceu a Moura com as suas roupas rasgadas . A mãe olhou-a e caiu ao chão em desespero chorando e arrancando os cabelos.
-Nãooo, por favor. Devolva-me os meus filhos.- gritou.
-Morreram pelas tuas mãos mulher.- gritou a Moura e acrescentou -assustas-te com a minha aparência porque esta és tu daqui há algum tempo. Já não tens nada! Ofereci-te o mundo e deitaste tudo pela janela fora. Agora não tens nada.-
E desapareceu.
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