tenho saudades do meu respirar contente por entre as portas da vida. sinto falta do caminhar da minha pele devagar pelos contornos do meu olhar. falta-me o cheiro da alegria
vivida nos víveres dos meus cabelo.
tenho saudades de ser o que havia já deixado de ser de perder em mim o tempo e ser seguida pelo pensar sem a dorida agonia de saber-se mal de tal
sinto falta de me sentar à pedra pedra
olhando o esgar da tarde,
em velhos campos de uvas cultivadas,
quando o tempo que vivi era tudo
menos o tempo em que sabia que não queria viver.
falta-me o querer dentro do saber sinto-o, intempestivamente, em mim existe a cadência do sonho
a melancolia da realidade
a crueldade do sono não tido
mas sinto-o, sinto-os. a tudo
como se de minha sombra fossem: são.
falta-me a rebelião do amar
a candura do desejo
o desgarrado pudor de ser outro um ameno sentir de viver.
está em falta, em mim
um pedaço de tudo
e uma enorme peça de nada. falta-me tempo para ser quem sou.
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