Ter-se

Que tenho eu? Pensamentos inquietos
 

Ter-se

Portuguese

Que tenho eu? Nada é meu.

 

Tudo é mera ilusão, quimera da vida

no empréstimo do sopro vital,

ser-se na validade do relógio.

 

Despe-se o calendário em meses fora moda,

mudam-se pensares ao sabor de outras marés,

em carrossel que anda, gira no mesmo local.

 

Sucedem-se pessoas, novidades oferecidas

com vale aprazado e eu acredito: É meu.

 

Ingénua suposição, espectro de sonhos acalentados

no que apreendi, do que me contam

 

Urge acordar, despertar,

soltar fantasmas de posse que me tomam

para que despida do 'ter' possa ser eu . . . talvez.

 

Não sei, nunca o descobri,

sou, apenas, mais uma pétala

de flor deitada ao vento.

 

Que tenho eu?

Um punhado de nada, uma mão cheia de tudo,

quem sabe?

 

Mergulhada em desassossego, só quero ter-me . . .

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