Meu radiante sol, brilharias tu tanto, se te desse o nome escuridão?
Serias tu o meu porto de abrigo, se de perigo te intitulasse?
Seria a mentira mais verdadeira, se outro nome tivesse?
Bateria este relógio descompassado tão rapidamente, se não o reclamasses como coração?
Seria o caminho íngreme do teu ser mais suave, se o chamasse de acetinado?
Teria a tua voz rouca o poder de me deixar incapaz, se eu a adjetivasse de aveludada?
Continuaria a tua alma pura a fazer-me bem, se a denominasse por maldosa?
Serias tu tão proibido quanto o que és para mim, se eu te atribuísse a liberdade?
Ainda espelharias em mim o amor que recebia, se eu o dissesse de ódio?
Continuarias seguro de tudo no mundo, se de frágil te apelidasse?
Serias tu errado como dizem, se eu te transformasse no correto?
Queimar-me-ia o sangue o teu perfume-fogo, se eu fizesse dele gélido?
Manter-me-ia eu sonho, se tu optasses por me transformar em realidade?
Teria eu outro significado, se por tua deixasses de me classificar?
Seria o teu beijo o meu combustível, se a ele o nomeasse por dor?
Serás tu eterno, se te qualificar como passado?
E entre a dúvida, que é o que achamos certo, e a certeza que é o que temos dificuldade em perceber, que laços construirias tu comigo se não me designasse, não me chamasse?
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