Minh’alma é estranha tanto e a vontade mar d’engano,
De verdade, nem sei mesmo quem n’alma tenho,
Que faz meu, um sentir estranho e tê-la eu, pequeno…
Quem dera não ter alma no lado onde o pensar tenho
Nem a infinita variedade de memórias da hidra, ao menos.
Sinto que há em mim, alguém além de mim e maior que eu,
Tenho diferentes sonhos segundo os meses, minutos e anos,
Todos de uma perene doçura, misturados com um sonho meu,
Terreno. Possível é passarmos oceanos sem terras vermos,
Mas quando sentimos é como se crescêssemos uma etapa nova,
Acrescentando esse dia a um mês e a um ano sem longe nem longe
O que interessa saber se o Sol faz o pino durante o Equinócio
Ou Imaginar de pau as andas de um espírito fantástico que foge
Se vendo bem só venho de meus astrais mapas lembrar o ofício
De um sonhar d’alma não meu mas d’outros eus, (maldita erva)
Minh’alma é estranha tanto e a vontade erva do engano
De ser eu ou ter meu um outro qualquer antigo dom, sobejo.
Não esta fria paisagem d’alma, (cão vesgo de um velho dono)
Prefiro não me achar, que não gostar do espelho que vejo.
(Maldita erva, maldita erva, maldita vontade serva)
Jorge Santos (03/2014)
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