Sereia

 

Sereia

Portuguese

Nunca fui tua.

Nas marés em que fui e em que me vim nunca te pertenci

(também nunca me quiseste

ou se me quiseste erraste

assim como eu errei pela espuma)

 

Nunca fui eu nas vezes em que me tornei tua

E me lancei nos laços apagados que inventaste para me apanharem

(estou neles tão enrolada como quando me tiraram da água

e me disseram que me tinham dado «pés»)

 

Fui tua unicamente quando me viraste do avesso

E tinhas uma tela nova em que inovar;

Fui tua nas palavras que me apagaram

Fui tua quando vendi a minha voz

Para poder ser ouvida

Sem usar versos das ondas do mar.

 

Nunca fui tua

Porque nunca pertenci a mais do que o azul.

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