A luz do teu cigarro
Já não me engana
Os meus dedos
São os pregos da tua cama
Fundidos num beijo de astro
Longínquo e futuro
E os meus olhos
Destroços sem escama
Sobre o voo do pássaro
Escuro e sem estação
A raiar o sol
De nota em nota em bemol
Se o tempo para
Abre a ferida que não sara
Eterna tão perto tao real
Da minha mão na tua mão
Da tua mão na minha mão
A raiar o sol
De nota em nota em bemol
O vazio guarda-nos
E o respirar de tudo falta-nos
De repente e sem promessas
Da tua mão na minha mão
Da minha mão na tua mão
O fumo do teu cigarro
Só Só não desmaia
A tua boca enche ao avançar
As águas do rio doce extinto
Que sorveram o ar
De sangue de quem não se quis matar
E o teu riso devora
Todas as flores sem poemas
Que ao mundo fez chegar
O maço de cartas do amor-de-agora
OPHELIA
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