Perder-me ?

 

Perder-me ?

Portuguese

Perdi-me e continuo a perder-me. Perco-me vezes infinitas e incalculáveis ao longo desta minha existência pouco calma. Perco-me…como mulher, como pessoa, como ser humano.
Dispo-me de tudo e é este o meu retiro. Vou e venho à descoberta de mim. Tento reorganizar-me enquanto escrevo e reestruturo mais um pouco as minhas ideias. Reconstituo certas histórias e tiro cada vez mais lições de todas elas. Reordeno as minhas emoções talvez na tentativa de ter mão nelas.
Escrevo de forma compulsiva. Escrever sempre significou para mim o desvendar de sentimentos. No fundo este exercício de escrever, de criar, de recriar, de assimilar …acaba por ser uma forma de ficar um pouco mais em paz com tudo o que se apresenta à minha frente e mais ainda do que ficou para trás.
Sinto que continuarei a perder-me. Como pessoa, como mulher, como ser humano…porque acho que o encontro é algo contínuo, e esse exercício de nos perdermos para nos encontrarmos tem mesmo que acontecer várias vezes ao longo da vida, precisamente para que nos tornemos pessoas e ser-humanos melhores.

Marisa Martins

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