Alma e pele,
Espero por mim, eu próprio, dias
Incógnitos e mudos, sonhamos depois,
juntos ou apenas eu, que me repito,
Nu por baixo da aridez q'sinto, descalço-me
Noite pós noite, dia após dia, face-a-face,
Espero por mim como num régio, lento
Duelo corpo-a-corpo, mano-a-mano,
Eu contra mim próprio, faca e maço,
Dor cortante de quem sal sangra,
Se batendo consigo mesmo,
Bastão e lança, lança e bastão,
Desespero, dicotomia, opróbrio
Sonho de condenado à morte,
Distante, inexistente mas real, vazia
Jornada, rasto de vida que resta
E me escapa das mãos gémeas, lume,
Alma e pele, pele e alma...ranho
E linho. Morreu Aquino, morreu Eça e Reis
Tantas e tão poucas esperanças sem luz,
A vida passa menor que um passo,
Num paço real onde não são permitidas
Rosas, apenas cardos do campo gigantes,
Estarei descalço a sério se real é sentir
A dor que é estar calçado, sem dar
Passo sobre cardo ou faca de mato, gume
De verdade, grande a esperança
Nos eirados prados, fraca herança,
Os meus adiados encardados pés,
Sangrando pós noite, após dia,
Alma e pele, ranho e linho...
Jorge Santos 07/2019
http://namastibetpoems.blogspot.com
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