Pra'lém do sonhar comum ...

 

Pra'lém do sonhar comum ...

Portuguese

Subtil o que sofro,

Quero sentir de outra forma pois sinto
Em forma de nada o meu querer,
Falta-me o oscilar do salgueiro ao vento,
Falta-me o sonho dentro do sonho,
-Fala-me da realidade curva e as cores,

Da forma que tem o tempo sem ter,
Em forma de álamo o meu querer …
Paisagem num quadro, uma subtileza
Em cristal, um átomo a oscilar no tempo,
O espaço, um intervalo nulo, o meu ser

Embala-me no vulgar soprar – o ar,
Poeira inquieta o que tenho e não quero,
Milimétrico eu, vulgar sopro o que penso
Ser viver neste viver sem vida, que quase 
Toco sem que me toque ela outra …

Falta-me a sensibilidade negra do corvo,
Fala-me da ausência e da conclusão do dia,
Da hora tardia, fala-me da promessa
Não cumprida, do sermão e da dúvida 
Necessária pra nos mantermos espíritas

E em forma de ar, o nosso ser sitiado,
Enfermo e em forma de nada mais 
Que ar e ar, de mar cercado e sem saída.
Quero sentir-me de outra forma que não preso
Ao corpo nem à vida, sútil ao sopro,

Subtil é o que sofro.

Jorge Santos 09/2018
http://namastibetpoems.blogspot.com

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