A foto de uma motocicleta Honda Fiore Strada 125cc estava estampada nas páginas de uma revista que abri por acaso. Foi paixão à primeira vista. Nunca antes havia me interessado por motocicletas, mas naquele momento era tudo o que eu mais queria. Sabia que meus pais jamais deixariam eu possuir uma máquina daquelas. Então decidi ir na loja me informar e resolvi entrar num consórcio. Estávamos acampando em um balneário próximo da cidade e meu pai resolveu ir até a cidade buscar algumas coisas e voltou trazendo a correspondência. Ficou desconfiado do conteúdo da carta e foi assim que meus pais descobriram o que eu andava escondendo. Minha mãe não gostou nem um pouquinho. Meu pai não disse nada. Assisti várias reuniões do consórcio e dei vários lances, sem nada conseguir. Um dia meu pai decidiu ir comigo e me incentivou a dar o lance mais alto e foi assim que comprei a minha primeira motocicleta. Na hora de retirá-la da loja, meu namorado foi comigo e levou a moto para casa. Aprendi a pilotar muito rápido e por algum tempo essa moto foi uma sensação na cidade onde morava, porque só havia uma mulher motoqueira na cidade . Agora éramos duas. Foi uma época muito feliz. Eu era conhecida como a garota da motocicleta amarela. Um dia conheci meu marido e fui morar na cidade dele. Precisei vender a moto, pois ele era muito ciumento. Quando pedi o divórcio, a primeira coisa que fiz foi entrar em uma concessionária e comprar outra motocicleta. Desta vez era uma Yamaha XTZ azul. Uma motocicleta muito linda. Foi nessa época que surgiram as Panteras do Asfalto, nome que dei a um grupo de amigas que possuíam motocicletas. Foram dias muito felizes e sem preocupações. Era uma sensação maravilhosa poder sair sem destino e sem hora para voltar. Mas por que me lembrei disso agora? Foi uma lembrança que me ocorreu quando andava na rua e ouvi o ronco estridente de uma motocicleta que passou ao meu lado.
Débora Benvenuti
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