Quando o mundo não parece mais que um domingo invernoso, nublado e húmido, eis que avistamos, para nossa sorte, o afortunado Dom Sebastião. Este é um rei jovem, de cavalo cansado de tanto correr à nossa procura. Ficamos abismados, como se estivéssemos perante uma lenda, um conto passado por gerações e algo impossível de ser percebido à vista desarmada.
Mas aconteceu! Numa vida dominical escolhemos ver algo inimaginável. Ele cavalgou o restante espaço para nos cumprimentar. Num gesto nobre, estendeu-nos a mão e perguntou se queríamos desaparecer por mais um punhado de anos com ele. A principio fica-se apreensivo: fugir assim? E o que está para trás?
De repente, senti que os meus pés se encontravam com a terra criando raizes e deixando-me inerte naquele alcatrão frio da chuva. O que teria acontecido? O medo de conhecer o desconhecido fez-me sombra. Ainda tentei resistir à vontade de desertar. O que faria eu? O que seria sem tudo o que aprendi para ser o que fora até hoje e aqui? Nem assim era feliz. Num impeto lendário quebrei as raizes que me cravavam à unica terra que conhecera. Ele ajudou-me a subir, e sobre um cavalo de elegância centenária, fui.
E conheci e vivi. Fui ser diferente, sempre eu numa nova vida com um mundo diferente ao redor. Fui melhor, fui eu sem amarras ao espaço que antes me moldava. Podia Ser, agora.
Em todos nós existe um Sebastião que nos propõe romper o medo. Só precisamos de, mesmo num dia escuro, perceber que há mais para além do que vemos.
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