Portuguese
O Pensamento e a Imaginação eram seres inseparáveis. Andavam sempre juntos e muitas vezes se perdiam nos labirintos escuros da memória. A Imaginação, por sua vez, estava sempre ocupada, cada vez mais absorta em devaneios que só ela mesma sabia entender. Muitas vezes encontrava o Pensamento, sempre ocupado em desvendar os mistérios que o assolavam e se perdiam no tempo, sem que conseguisse lembrar de acontecimentos passados. Convivera muitas vezes com as lembranças de momentos felizes, mas alguns desses momentos não conseguia mais lembrar. Muitos foram eternizados em sua memória, mas alguns desses momentos estavam bloqueados. Será que a Imaginação seria capaz de lembrar de alguma coisa? Imaginar era tudo o que ela mais sabia fazer e mesmo assim, era de pouca ajuda para o Pensamento, pois por mais que pensasse, haviam lacunas em sua memória que ele não conseguia preencher. Havia um lapso de tempo entre uma memória e outra e por mais que pensasse, o Pensamento dificilmente entendia o que poderia estar escondido nesse espaço de tempo. Talvez precisasse fazer uma regressão e voltar exatamente no momento em que seus pensamentos eram interrompidos. O que poderia ter causado esse bloqueio em sua mente? Seria algo deprimente? Algo que o Pensamento se recusava a admitir? Será que a Imaginação tinha algo a ver com isso? Ou talvez fosse um bloqueio temporário, em que o Pensamento e a Imaginação caminhassem em sentidos opostos? Isto era nitidamente constatado pela Imaginação, pois quando se perdia em seus pensamentos, seus pezinhos sempre deixavam os chinelinhos apontados em direções contrárias.
Débora Benvenuti
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