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~~AS MÃOS
A lenha crepitava na fogueira,
Entre estalos, fagulhas luminosas,
E as trémulas mãos, junto à lareira,
Foram, em tempos idos, tão formosas.
Agora, enrugadas, doloridas,
Cansadas duma vida de trabalho,
Que, já nem o calor e o agasalho,
Lhe repõem as forças, já perdidas.
Também, as outras mãos que as seguravam,
Que espantavam o medo e a solidão,
Há muito, que partiram e deixaram
D’amparar e segurar a sua mão.
A chama da fogueira fenecendo,
Enquanto o vento sopra e vai gemendo,
Aquelas crespas mãos, em ritual,
Mal seguram as contas do rosário,
Companheiro do retiro solitário,
Em mais esta, triste noite de Natal.
LAF20DEZ2016
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