Em uma cidadezinha do interior, vivia uma velha senhora, com seus cabelos grisalhos e olhar bondoso, apesar de toda a tristeza que a vida lhe reservara. Havia tido cinco filhos homens, dos quais quatro faleceram já em idade adulta, todos acometidos pela mesma doença, na época sem vacinas. O único filho que conseguiu se salvar, muito cedo resolveu se casar. Não sei por qual motivo, a nora não queria saber da mãe dele e o obrigou a escolher entre ela e a mãe. Decisão tomada, ele nunca mais procurou pela mãe e a pobre senhora passava os dias bordando, Eram bordados delicados, feitos por mãos habilidosas. Um dia ela perguntou se eu queria aprender e eu disse que sim. E muitas tardes passei com ela, aprendendo tudo o que ela sabia fazer. Certa manhã, o marido dela faleceu e ela ficou mais sozinha do que antes. O marido era a única pessoa a lhe fazer companhia. Ela ficou por muito tempo com uma tristeza imensa, difícil de descrever. Até que um dia, ela também se foi, tão silenciosamente como havia vivido. Alguns anos depois, voltei à cidadezinha onde havia morado e resolvi levar flores ao túmulo dela. Sabia onde era o local, mas estava tudo muito diferente. Procurei pacientemente, até que encontrei o local de sua última morada. O nome do marido dela e dos filhos estavam ali, gravados na lápide, mas por mais que procurasse, o nome dela não estava lá.
Débora Benvenuti
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