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~~O LAMENTO DO VENTO
Eu falo com o vento e escuto
Aquilo, que ele diz no seu bramir,
Porque ele é um viajante arguto,
Não diz tudo o que tem no sentir.
Freme, brame, mas não escuta ninguém,
É meigo, violento, independente,
Ninguém espere dele só o bem,
Que ele age indiferentemente.
Eu gosto de ouvir os seus lamentos,
Queixoso, nos montes, contra os cerrados,
E quando solto os meus pensamentos,
Ficam, pois, os lamentos redobrados.
Também eu, como o vento, estou queixoso,
Por isso, até sinto um certo gozo,
Ao senti-lo, tão possante a chorar.
Porque eu, sendo fraco, também choro,
Assim, já somos dois chorando em coro,
Enquanto, nossa dor não abrandar.
LAF14JUL2016
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