06.03.1984
Esqueceu-se de viver,
A vida não pode acusar.
É Palhaço que ri,
Com vontade de chorar.
Não vou mais querer
Este mundo de ilusão.
Fugi da realidade
Vivendo na imaginação
Não encontrando felicidade
Na louca sociedade.
Os risos da multidão,
Que escarnecem, te magoam.
Sem nenhuma compaixão,
Nas águas profundas
Te afundam
Te arrastam na lama
Sem tábua de salvação
Para onde não existe fama
Só o mundo da podridão.
Persistes nesses misteriosos lagos
De escárnio e artifícios
Até ao pescoço atolados
Saturados em vícios
Persistes em louca vontade
De penetrar em sua festa
Destruirás, então, a bondade
Que em ti ainda resta.
Esse desejo em brasa
Que nasce em cabeça oca
Pássaro que voa sem asa.
Não encontra boca
Para puder gritar
Tudo o que sofria
Sem puder contar
Para onde iria.
Vis gargalhadas
De bocas esgarçadas
Até mais não puder
De gargantas arrancadas
De dor profunda fazem sofrer.
Em noites febris
De vida fútil
Sois servis
Da vida inútil
Como és desprezível
Ó Palhaço da vida
Como és Infeliz,
Palhaço.
Liberta-te!
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