Escondi as minhas lágrimas junto com as palavras que nunca te direi. Desfiz todos os meus desejos como se o coração fosse asas. Somente asas.
A voz não se calou: as sílabas acesas ficaram dentro de mim. Sempre primavera e não havia a pele para dizer-me que existias.
As águas todas juntas...é assim que eu vejo o teu corpo. Sem começo nem fim. Existe sempre um depois para ocupar e no teu caso é um azul infinito. Uma força maior que resiste ao abandono.
Esperei que o tempo te levasse. Mas o tempo é agora um brinquedo de dar à corda e as suas roldanas levam-me sempre ao ponto de partida: tu. Tu és o começo e o fim de tudo.
Nunca te abracei por dentro, mas o presente perdeu o sentido. Talvez porque o amor não mora no esquecimento. Ou a esperança seja como a chuva que parou de cair.
Resta-me esperar desvanecer até ao último grão de areia.
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