Toda mulher tem direito a quarto meses de licença, por ocasião do nascimento de um filho. Além dessa licença, eu ainda tinha seis meses de licença prêmio. Juntei as duas licenças para cuidar do meu filho. Passado esse período, voltei para a minha escola, para onde havia sido enviada a pedido de um Diretor (leia Uma Jogada de Mestre), aproveitando a influência de um político. Quando um professor entra em licença, imediatamente é substituído por outro professor, para que os alunos não fiquem sem aula. Licença maternidade é um direito de toda mulher, mas no magistério não funciona assim: se você precisar tirar uma licença, quando voltar, dificilmente poderá recuperar o lugar que ocupava, pois ele já foi preenchido. Foi assim que eu fui novamente parar na Delegacia de Ensino e de lá sai com um fono para lecionar na mesma escola de onde havia saído, para ceder minha vaga a outra professora que precisava de status (leia A Alpinista Social). Ao chegar lá, a primeira pessoa que encontrei foi a Diretora ou vice, não me lembro ao certo. Quando ela me viu, estava descendo a escadaria e levou um susto tão grande que pensei que fosse desmaiar. A única coisa que ela conseguiu dizer foi: O que você está fazendo aqui? Ao que respondi: Vim preencher a vaga que vocês não conseguiram preencher, depois que sai daqui. Ela ficou vermelha e me chamou para fazer os meus horários. Eu nunca disse a ela que sabia de toda a farça que eles haviam armado para ceder meu lugar a outra professora. Quando ela me olhava, eu dava um sorrisinho maroto, mas nunca deixei que ela soubesse que eu sabia de tudo. Acredito que ela morria de medo que eu aproveitasse qualquer momento em que os professores estivessem reunidos e contasse para eles o verdadeiro motivo pelo qual eu havia saído daquela escola, alguns anos antes. Fiquei algum tempo lecionando lá, mas depois pedi transferência para outra escola, só de 2º grau.
Débora Benvenuti
http://ilusoesdeoutono.blogspot.com.br
Baseado em fatos reais
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