- Estou triste. - Constatou a rapousa cansada. - Está um dia cinzento lá fora.
- Nem todos os dias são cinzentos, Zel. - Animou a irmã, que se sentava ao seu lado olhando o dia pela janela do covil.
Dona Raposa, a senhora da casa, preparava o jantar. Um cheirinho a coelho estufado com legumes pairava na casa.
- Nem tenho fome. - Admitiu Zel. - Hoje nada me apetece.
- Já viste aquele chapim a tomar banho naquela poça de água? Está tão alegre...deviamos ser como ele.
- Tenho saudades do pai, desde que ele partiu.
Zel e a irmã olharam-se cabisbaixas. O pai de Zel tinha ido em busca de comida e não voltara em dois dias. Às vezes a caça no inverno era difícil. Só Deus sabe quanta fominha tinha passado aquela família quandos os flocos de neve comevaram a tocar nos ramos das árvores.
- Mas não podes pensar nisso. O pai está bem.
Zel continuou naquele ânimo e desejou tanto ser como aquele chapim que quase ficou tonta.
À noite, deitada no seu leito, Zel pediu às estrelas, lá alto no firmamento, para lhe trazerem o pai são e salvo e livrarem-se daquele inverno pesaroso. E uma estrela que a raposa enamorava desceu sobre si.
- Sim. - Respondeu a estrela ao seu pensamento. - Quando desejas a uma estrela, com amor e muita vontade, ela desce sobre ti e cumpre os teus desejos. Não acordes a tua irmã que está a dormir ao teu lado. Vê só quem vem ao fundo.
E a raposa olhou pela janela do quarto. Era o pai que vinha pelo caminho da árvore, com dois coelhos no dorso.
- Bem-dita sejas, estrela! Encheste-me o coração de alegria. Já não está cinzento. Está límpido e azul como a cor da tua morada.
Nota: Esta é uma pequena fábula para quem quer esquecer um dia cinzento...
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