A Fábrica do Pai Natal

 

A Fábrica do Pai Natal

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A Fábrica do Pai Natal
Num futuro não muito longínquo, duas criaturas jogavam à bola no quintal da casa de uma delas. Uma era um lama, chamado Roberta; a outra um duende, chamado Bea; e era na casa desta onde elas se encontravam. Estavam divertidas a jogar quando um carteiro lhes veio entregar uma carta. Já suspeitavam do que se tratava e desta vez ficaram tristes por receber o correio, mesmo antes de o abrir.
Ao completarem dezoito anos de vida, os duendes tinham de se apresentar à Instituição Natalícia da sua localidade, para realizarem testes ao seu estado de saúde e às suas capacidade de performance, com o objetivo de separá-los em três grupos: os aptos, os não aptos e os potencialmente aptos (eram os que possuíam problemas temporários, podendo ser aptos quando eles se resolvessem). Bea tinha feito dezoito anos há dois meses e era duende, logo, era uma potencial trabalhadora na Fábrica do Pai Natal – o emprego mais temido da época. A carta anunciava-lhe o seu dever de se apresentar, com uma data limite dali a cinco dias.
Assustada, Bea pensou em partir a sua própria perna, para reprovar nos testes de saúde; mas Roberta logo a avisou de que não poderia estar constantemente a magoar-se para fugir à situação e que em vez disso deveriam era enfrentar o Pai Natal e tentar acabar com este problema de uma vez por todas, para bem de todos os duendes que presentemente na fábrica serviam e dos que futuramente lá teriam de ir parar.
Após atravessarem o país e terem chegado à Fábrica do Pai Natal, dirigiram-se de imediato ao gabinete do fornecedor de prendas e questionaram-no sobre a razão daquela escravidão de milhares de duendes, que os impedia de perseguirem os seus verdadeiros sonhos, devido somente ao facto de terem nascido dentro de uma determinada espécie. Enquanto a duende e a lama davam o exemplo de Bea, que desejava tornar-se professora de natação e que desse objetivo teve de desistir, o Pai Natal adormeceu de aborrecimento e os dois únicos guardas da fábrica, que se encontravam no gabinete, certificando-se de que o seu chefe se encontrava em segurança, aproveitaram a ocasião para espetarem cada um a sua lança nas costas do velho preguiçoso, que acordou por poucos instantes apenas para gritar “Ah!” e morreu a seguir.
Roberta e Bea ficaram ao princípio impressionadas demais para proferir sequer uma única palavra, mas, assim que começaram a ouvir “A fábrica é nossa!” entoada repetidamente em coro pelos duendes que subiam as escadas da cave para o rés do chão, naturalmente lhes veio um sorriso à cara. Os dois guardas pegaram um em cada uma e levaram-nas em direção ao coletivo de trabalhadores libertados e elas não conseguiram resistir a participar no grito conjunto, emocionadas pela partilha da felicidade que é ser livre.
Voltaram ao fim do dia para a sua vila e souberam uns anos mais tarde que alguns dos duendes que trabalhavam na fábrica por lá tinham continuado e dela feito um hotel, que é agora classificado com quatro estrelas pela Liga de Hotéis Natalícios e que tem como principal atração o cadáver do Pai Natal, exposto no museu do segundo andar.

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