Sinto-me em ti cada vez que denuncias poesia.
Sinto-me à vontade.
Como se o meu corpo no espelho se vislumbra-se e se pudesse denunciar em detalhes,
olhando-se nu.
Sinto-me só
pois,
sou a vontade e a vontade possui-me.
Eu e a tua escrita.
Será a escrita, vontade?
Falando ainda
em aplausos lentos,
boca que abre,
fecha
e se assume com deslavados toques,
fecha
e se assume com formas e formas incógnitas,
falando ainda
diante de mim assombra-se a Lua,
tu.
Minuciosamente e inclinada sob a janela,
por detrás do espelho,
por detrás da translucidada de um vidro,
por detrás do vento que lá, fora, se denuncia,
por detrás de folhas que se rompem e tingem
em esconderijos de mim,
por detrás de.
Sendo uma miragem para si,
ti,
tu,
Lua.
Meu corpo,
diante do espelho,
nu.
Poesias-me,
Lua.
Será a escrita, vontade?
Será a vontade, escrita?
Beatriz Magalhães, 19, Lisboa
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