E-ternamente

 

E-ternamente

Portuguese

 

Ofélia...

Ao sentir sua amada partindo,

em seus braços, insano, a enredou,

alvas faces beijando,

em flores de escuro pranto ela se deitou,

Lívida de ausência como hirta saudade,

Em olhos de maresia,

Jazia Ofélia, já morta, na barca da fantasia...

Quando as plumas da brisa às nuvens contaram,

A triste canção de quem as águas levaram,

De auroras claras os céus se encheram

Brancas glicínias às mãos acolheram,

Vozes infinitas a Ofélia se ergueram...

...Ofélia...

 

 

 

Lágrimas

Beijarias as minhas lágrimas
se soubesses que são feitas do pó dos sonhos?
Olharias para os meus olhos
e dirias que são quimeras?
Tomarias o meu corpo, sôfrego,
se imaginasses que o eternizarias?
Amarias minha alma triste
se sentisses que a feriram feras?
Terás ideia que do passado,
guardo lutos e guerras?
Beijarias, então, de novo, as minhas lágrimas
mesmo se soubesses que, ainda gemem,
por outro alguém, sinceras?

 

 

 

 

 

 

 

Grito

Se eu pudesse Gritar e num momento de desespero te apertar!

Se eu pudesse, na coragem do esquecer continuar ao ritmo da vida sem ressentimentos...

O que me cerca? Lugares vazios, Taciturnos e Ventosos Como o Inverno...

Ai onde estou? Ai que estou tão só! Chove!

Vejo alguém parecido comigo na penumbra de uma noite perdida dos séculos,

Se eu pudesse dizer o que Sentes ao arrancarem – te o Eco do Íntimo

Porque tens o medo que Nunca te larga,

De uma perseguição no escuro, de uma morte lenta,

Abriram – te o coração, ficaste abandonado

Com os cabelos na pedra húmida e as mãos nas folhas do passado,

Se te dissesse o que sentes ao arrancarem o teu céu e a tua terra e deixarem – te descalço

Na calçada gelada da madrugada,

Se te pudesse dizer só isto,

Éramos Um!     

 

 

 

 

Arco-íris

 

Do corpo dela, ninho primaveril, voaram para o infinito!

Pelo pólen floriram beijos perfumados!

Olhava o rio fresco dos olhos sob o sol do riso!

Veio pelas cores do arco-íris do prazer ao céu da alma

e deslizou por entre os trevos do jardim do colo em canto livre até ao cimo!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Celebração

 

Bebemos a Paixão como Vinho Quente,
Poção de Festins rubros Incendiados por corpos Bravos
em Radiosos leitos,
Povoados por frémitos e febres antigas,
regressam como presentes prometidos,
os corpos cruzados,
despidos desejos,
desenhando chamas veladas
pelas almas navegadas!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vida

 

Á minha volta há luzes, melodias e cores...

Cruzam-se gentes, pessoas, pássaros, vultos e figuras, encontros, precipícios

e coisas mais...

Á minha roda tudo se move: Envolvem aromas e murmúrios entre o toque ora do fulgor dourado e aberto que aquece, ora do frio branco que invade...ora pela brisa, ora pelo vento...

Ao meu lado fundem-se vidas, almas e sonhos,

Encontram-se desilusões e juras traídas,

Sucumbem Fins e Erguem-se Inícios,

Por todo o lado, Algo Nasce e algo se Desvanece,

Algo Finda e Algo Desponta,

Há caminhos vazios, caminhos povoados e partilhados,

Há Vida! Por todo o lado a vida desvela-se e estende a todos os mundos o seu imenso manto de poesia! 

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