Virtual encantamento

 

Virtual encantamento

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Virtual encantamento

Amaldiçoas o real, desiludes o trágico, desconfias da paixão!

Na pergunta bocejada, no olhar de luto, amas para que outro sobreviva.

Não mudas, porque queres que as saudades permaneçam intactas e verdadeiras, únicas.

Não te atreves a desfigurar o óleo pintado com risco fino e requintado para não esquecer.

 

Amas, mesmo que impossível de conhecer ou descrever. Amas diferente, porque TU pensas diferente.

Inócua a regras e preconceitos, confias na anarquia das sensações porque intuitiva e sabedora.

Sedutora, por demais.

Sem orgulho, tens uma vaidade infinita que te preserva os sentidos, te estimula as fibras e te impede de fugir da virtualidade, que sabes real, que assumes contaminar-te as entranhas.

 

Dedicas a beleza aos apreciadores! Por vezes, com algum desleixo que deriva do profundo conhecimento de continuares atraente, atractiva, magnetizante. Falta o toque mágico e arrepiante, o olhar directo e inquisitivo, a força da expressão que impede a mentira.

Sentes a ausência física porque táctil, química e devoradora de afectos que te expõem demasiado.

 

És verosímil na análise do ontem, preguiçosa no passar do hoje, mas serás intrigante nas cores do futuro. Devora-te a complexidade do simples, a recusa do evidente, o transparecer da alma que julgas intocável. Assim, só a inefável leveza do Ser te permitirá ultrapassar obstáculos, tornear pedras, fechar buracos que o quotidiano se encarregou de construir para ti.

Sabes-te, excessivamente, encantada na pessoa, mas sentes que a alma mais reclama porque exigente, poderosa e sábia não permitirá devaneios ténues, inconclusivos, sofredores.

 

Intacto o sentido de humor, reflexo muito próprio que utilizas e aprecias nas situações mais adversas, que te permite o domínio do momento, interiormente bem descontrolado.

Lúcida e de perspicácia atrevida, assumes a surpresa inopinada desta virtualidade deslocada, relegas para um canto escondido, tumultuosas e incandescentes provocações, que finges ignorar, de tão fortes e castrantes que te roubam inspirações regulares e tranquilidade de espírito. Arfas no interior do leito, na escuridão do luar, no silência da melodia, desejosa e quente num oásis oceânico...

 

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