Livros & Leituras - Quem é?
Suzana D´Eça - Acima de tudo, um ser humano, uma mulher, uma mãe, uma filha, uma pessoa solidária que escreve com delícia e que ama a vida. A vida é um dom. Depois sou tudo o que já fui: Criança; Jovem; Estudante, Viajante; Professora de História; Diretora Comercial e Relações Públicas; Coordenadora de Relações Públicas e Gestão de Eventos da TVI - Televisão Independente S.A; aluna de Escrita Criativa e de Storytelling, e tudo aquilo que continuarei a ser: crente, positiva, empreendedora e sonhadora. Gosto de Acreditar!
L&L - Como e quando começou a interessar-se por literatura?
SE - Desde os primeiros anos do liceu. Devorava livros. Devo-o à minha fantástica Professora de Português, Irene Ferreira de Almeida, que me ensinou a voar, lendo.
L&L - Por que motivo resolveu escrever livros?
SE - Descobri que voava ainda mais escrevendo, porque voava nas asas da minha imaginação.
L&L - Escrever permite-me ser mais introspetiva e conhecer-me melhor, para poder conhecer melhor os outros e saber dar. É uma constante aprendizagem que nos obriga a crescer e ainda bem.
SE - Mas também me está no sangue escrever, a escrita corre-me saudavelmente nas veias. O meu avô era um grande jornalista, escritor, poeta e mecenas das artes. Os meus tios e minha mãe têm grande sensibilidade artística e todos escrevem muito bem e têm obra feita. Assim sendo, desde cedo que me senti impelida a escrever. Escrever faz parte do meu corpo físico e é mais forte do que eu: Tenho que preencher de emoções, memórias e outras histórias, o papel imaculado, tornando a folha de papel viva. E tal como a vida, o livro faz-se folha a folha. Comecei por ter uma rúbrica ao Domingo, num blogue familiar, onde todos me incentivavam a publicar. Daí aos concursos poéticos, tertúlias e publicações em colectâneas foi um pulo. Mas o verdadeiro salto foram os livros a solo, uma viagem vertiginosa da qual não quero regressar. Escrever preenche qualquer vazio que, por vezes, encontro em mim. Mas não escrevo para mim, pois quem escreve é para quem lê. Quem escreve dá um pouco de si e quem lê, leva esse pouco (ou muito …) de nós e interpreta. Cria-se uma simbiose entre autor e leitor e cada leitor é um novo amigo, é muito gratificante.
L&L - Em que é que se inspira para escrever um livro?
SE - Na vida e nas pessoas; nas minhas leituras; nas minhas amarguras, mas também na minha felicidade feita de bons momentos; no gosto pelo belo, nos meus leitores - minhas musas, sempre presentes. Depois, há sempre o depois: brota-me como uma cascata a imaginação e escrevo em torrente. Mais tarde volto, penso e amadureço a jovem escrita, até sentir luz. Por exemplo, no Livro infantil: “Matilde, a Noite e A Lua”, das Edições Vieira da Silva, que foi o livro que mais alegria me trouxe, inspirei-me na minha neta; na Matilde que existe em todos nós e em todas as crianças deste mundo, vítimas da fome, da guerra e da opressão, e que só podem ser crianças na sua imaginação.
L&L - Se não fosse escritor, o que gostava de ser?
SE - Pintora (mas não tenho jeito nenhum: ah, ah, ah, é bom rir!) ou fotógrafa (É um hobby que tenho a fotografia……); trabalhar num museu; ser apresentadora – talvez, são outras formas de contar histórias. Mudar a história da minha rua, há tanto para fazer no empreendedorismo social. Histórias da História da vida. A vida é a minha maior paixão. Na vida cabem todas as outras paixões, construídas com o amor, com a amizade e com a imaginação. E no amor cabe a família, os amigos e o amor aos outros. A vida vive-se apenas de uma maneira, um dia, uma hora, um minuto ou talvez mesmo um segundo, de cada vez. E nela cabem todos os retratos: o da felicidade, o da angústia, o do desespero, o da alegria, o da loucura, o da saudade, o da meditação e o da contemplação. E estes estados cabem em todas as paisagens e em todos os rostos que os espelham, possíveis de serem contados se os intuirmos. A vida é feita de momentos e a felicidade também, e encontra-se por vezes nas coisas mais simples do nosso dia-a-dia. Só é necessário estar atento.
L&L - Quais são seus autores preferidos?
SE - Esta é difícil, pois não parava de escrever nomes. São tantos. Vamos lá, só a alguns: Eça de Queiroz, Luís Vaz de Camões, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Rosa Lobato Faria (poesia), Mário de Sá Carneiro, António Tabucchi, Gabriel Garcia Marquez, Marcus Vinícius de Moraes, Ricardo Eliecer Neftalí Reyes Basoalto - conhecido popularmente como Pablo Neruda, Rainer Maria Rilke, Pedro Paixão, Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa - Agustina Bessa Luís, José Tolentino de Mendonça, Teresa de Saldanha, Sophia de Mello Breyner Andresen, Mario Vargas Llosa, Umberto Eco, Mia Couto, Marguerite Yourcenar, Orhan Pamuk, Lev Nikolayevich Tolstoi - Leon Tolstói, Fiódor Dostoiévsk, James Joyce, Thomas Mann, William Faulkner, Jung Chan, Somerset Maugham, Ernest Hemingway, Alain Absire, Carlos Ruiz Zafón. Ui tenho que parar, se não fica longa a lista e rasuram (rizo). Mas ainda tinha muitos “escritores preferidos” para colocar. Para além de todos aqueles autores de que também gosto muito e dos que simplesmente gosto, e de outros cuja uma das obras amei.
L&L - Que conselho daria a alguém que deseje vir a ser escritor?
SE - Escreva e não pare de escrever, nunca. Depois procure alguma formação, nesta área da escrita.
L&L - Para quando um novo projeto editorial?
SE - Em Setembro, um livro de poesia: “Sonhar Acontece” englobado numa coleção de novos poetas: “A Poesia Lê-se num Dia” e ainda este ano ou no inico do outro, um novo projeto editorial infantil, da mesma coleção da Matilde, a Noite e … com a editora: Edições Vieira da Silva. Mas há muito mais para trabalhar. Quero lançar um livro de escrita criativa para adultos e mais uma edição de poesia a curto prazo. Depois é sempre o senhor que se segue… O próximo capítulo da vida, o livro seguinte, o novo mergulho energizante. Um mergulho com certeza nos rios do Amor e da Amizade, os maiores valores de sempre, nas perdas da vida estas riquezas tornam-se preciosas. Mas para já quero-me concentrar no agora. Vive-se um dia de cada vez, e cada dia é um desafio novo, onde a capacidade de amar deve ser mais forte do que o medo. É preciso Acreditar
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Agora que já conhece a revista Livros & Leituras, que opinião tem deste projeto editorial sem fins lucrativos?
Sim, conheço e considero esta revista um projecto nobre, generoso e útil. Um projecto de grande cariz cultural no panorama nacional com a divulgação de livros e seus autores, pois ao fazê-lo contribui para a valorização da escrita e incentiva à leitura. Não é apenas uma revista de entretenimento é uma revista que educa o entretenimento, tornando-o mais completo, na medida em que educa também a nossa formação. Ler é viajar e viajar enriquece o nosso conhecimento. Tudo isto esta revista faz de forma puramente gratuita em nome da cultura. É louvável. Para mim é uma honra esta entrevista e desejo o maior sucesso à revista Livros e Leituras.
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