Livro objecto.
2015.
Artelogy.
Oh belo sol poente!
Pudesse eu buscar-te
ao fundo do mar
e de ti fazer
a moldura do meu olhar.
Pudesse eu sentir-te
nesse mágico momento
Se não puderes ser poeta no mundo,
sê poema na intimidade.
Mas sê poema único e harmonioso,
Procura-me nos farrapos altivos de algodão
que no céu foram deixados como nuvens,
Procura-me na espuma das ondas do mar
que volteiam na praia a cada segundo,
Pede um abraço
e nesse espaço...
Um braço, que envolve
Um laço, que estreita
Um silêncio que respeita.
O amor, que se promove
Que o Amor seja o motivo e não a desculpa.
Que seja um encontro e nunca uma fuga. Que seja a cura e jamais o que faça sofrer.
Podem meus olhos dizer mar, ao acordar
e neles me deitar a navegar.
Podem meus olhos dizer livros e letras
e escrever neles frases perfeitas.
De todos os livros escolhi poemas
Por que sol, por que espigas, por que pão
Porque o conforto do teu coração.
De todos os verbos escolhi dar
Nascem as folhas
em verdes tons
Cantam as aves
em vários sons.
Espreitam as flores
nos seus rebentos
O sol as encanta
É à noite.
À noite...
Quando o sol se esconde
e a sombra se estende,
Quando a lua clareia
e o sono golpeia,
Quando as estrelas cintilam
Eras assim
Um sorriso rasgado
Uma inocência de anjo
Um abraço apertado.
Uma manhã perfumada
Um toque de céu
Uma tela pintada.
Às vezes, quando chove lá fora,
é como se chovesse também dentro de nós.
E é como se a acidez das águas
nos corroesse por dentro.