Portuguese
A ti…
a quem a vida amargou
e de quem pouco sobrou
para poder enfrentar o mundo
mirado de viés às vezes
como sendo vagabundo
A ti..
a quem te negaram o brio
dos teus direitos mais nobres
e te largaram ao frio
da noite e do tempo em vão
e que de sobras poucas
ainda ouves algumas bocas
que sempre te dizem não!
A ti…
que enquanto outros se labuzam
das conquistas alcançadas
morando em altos paços
feitos de coisas roubadas
te contentas com o pouco
em que a vida te atirou
por incúria ou por castigo
e te torna ….simplesmente
no que chamam…Sem abrigo!....
N.R.
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V Í T I M A S
Se quedam mudas…sem nunca a ninguém se queixar
dentro de portas… feridas… com alguém a quem já nem sabem amar
ficam-se pelos filhos... permanecem pelo dinheiro
culpabilizam-se pela escolha sem ter ninguém que as ajude
ficam-se pela metade …. acabam-se dia a dia… pelo meio
no silêncio das noites ... choram, acompanhadas ou sós
definham-se durante o dia, com o medo que anoiteça
com o medo de acordar…do sol do dia imediato
com terror ... que o terror… ali permaneça
sonham às vezes, desculpam-se, com os mais aturdidos intuitos
seus choros já não se ouvem… de tão fracos… repetidos
preferem então abafá-los , mas que choros estes... são uivos!
dos filhos escondem a dor, dormida em algum torpor
que lhes consome a alma… as aflige … e sem se verem nem se ouvirem
acordam ao outro dia… pensando que aquilo era amor
pobres almas dilaceradas com o tempo…despojadas de coisas belas
de coisas materiais e até qualquer pudor, repetem as mesmas culpas
pensam que as erradas são elas… continuando a achar… que é amor!
e que um grito as liberte ... as ajude a ter paz interior!
porque seus corpos às vezes são manchas apenas, marcas de anos enredadas
são sombras de sofrimento porque se acham … sempre e só, simplesmente …......malfadadas!
N.R.
Se um dia eu partir….
Se um dia eu partir de repente
Não quero que por mim chores
Desfralda teu olhar no escuro
Derruba esse grande muro
Que a dor gere e alenta
E descansa tua alma
No arco do meu abraço
Onde vai haver sempre espaço
Para aliviares o cansaço
E descansares da tormenta
E se alguém por mim chorar
Ajuda a secar-lhe o pranto
Faz da noite o meu olhar
E lembra-lhe este meu canto
Diz-lhe que eu vou estar por aí
Flutuando qual borboleta
Atenta a quem me chama
A quem dá valor ao tempo
Que deixamos por viver
E que só o sente… quem ama!
N.R.
SILÊNCIOS...
Eu sei que tu não queres
Promessas vãs, sem alma
Pedes apenas e só
Sentir meus braços
Meus seios….
Encostados na tua calma
Para então deixares cair
No meu regaço…
Tuas pálpebras pesadas
Enquanto cálido...aguardas
Que as nossas línguas
Se busquem desnorteadas
E aí… já não dominas
No silêncio que em ti manda
Em que torneados num só
Onde não há versos nem rimas
Perdidos num momento guloso
Saboreio a tua pele
E apenas eu… e só eu
Sou dona desse meu gozo
N.R.