Portuguese
Se fosse pela vontade da mente
permanecia estática no meu lugar.
Se quisesse dizer tudo,
não sairia nada mais do que o silêncio.
Naquele som ensurdecedor
que tortura lentamente.
Se fosse pelo meu coração,
existiria o momento, o meu momento,
separado do todo, desmembrado do tempo.
Se quisesse dizer tudo:
bastava falar-te com o olhar.
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Rima-me
Abraça-me com a tua ternura.
Quero sentir-te na ausência.
Deixa marcas na minha nuca.
Aproxima-me da tua mão.
Suspira quietude ao meu coração,
dá-me calma para adormecer.
Organiza-me este poema,
que ao mais simples pensamento de te abraçar,
os versos quebram e deixam de rimar....
Início
De todas as cores que cobrem o mundo,
de todos os sabores que bisbilhotei,
é o magenta que te tinge a aura,
é de pimenta doce o teu corpo que provei.
Vou-me esperar para descobrir,
quanto mais de tudo que conheci
terás dentro de ti para me revelar.
Sussurra-me delicadezas,fala-me ao ouvido,
dá me memórias para abraçar.
Guarda-me um beijo sem uso
sempre que o sentimento se quiser demorar.
Contorno-te os lábios com poesia
e proíbo-te de me seduzir.
Não quero que digas mais
do que o teu olhar numa noite me ousou confessar.
Snob
Nesta curva da idade o acerto das relações jazem na arena da memória,
não mais me agitam os sonhos.
Com o tempo consegui equilibrar as vontades empilhadas e julguei controlar as escolhas.
Mas desmoronaram quando te vi ao longe.
Aproximei-me e inclinei-me sobre o teu mundo. Não tardou e aconteceu.
Aquele momento que os nossos beijos se reconheceram,
e te senti no deleite de nada mais pensar.
Agora fico na medida certa do teu toque que me liga a mim por um fio,
presa na obediência do desejo.
Segue-se a derrota da passividade,
num murmúrio despido de qualquer dúvida.
É o toque da pele que nos compromete.
Inclinas-te sobre a alma do carnal e recuperas-me a memória simples.
A tua vaidade está no meu prazer. O meu prazer é sabê-lo.
Mas como podia um dia dar-me por menos?
Quando me queres na única forma que me deixo ter.
Inspiração
Palavras em desabafo, guiem-me os dedos nesta escrita.
Livrai-me da tradição do pensamento, agasalhem me na loucura dos devaneios.
Livrai-me da mediocridade de outros versos.
Pudesse eu vos escrever como em tempos, sob a claridade literária.
Espero, neste erróneo poema, que surjam, que me desvendam o que não esqueci.
Meus primeiros amores de consciência, fazei-me sentir-vos como da primeira vez que numa carta de amor vos beijei.