“Estação que existe dentro de nós…aparece na altura própria da vida, e de igual modo desvanece.”
Inverno
Ouço passos, gastos, vazios
perdendo-se na imensidão do frio
sinto a neve dançando em flocos
Inverno de quem se escondem
seres inocentes num simples abrigo
ninhos ou troncos, que os separem
da triste natureza, ou vil inimigo
Sozinho deparou-se, sobressaltado
mas num repente ao sonho retornou
ignorando receios de miúdo mimado
recordação distante, sempre a odiou
Atenciosamente ouvia a neve entoar
melodia gelada, mas maravilhosa;
toda a sua vida parecia anunciar
história impossível, porém mui ditosa
E a musica sua alma inundou
despertou vergonhas de acções presentes
por tanto tempo o bem desprezou
esquecendo tais emoções ardentes
A neve continuou seu caminho
e apenas a sua alvura sobejou
o vulto desapareceu devagarinho
levando alegria que de uma névoa brotou
E o inverno pontualmente retorna
ano após ano, tocando em vidas
que com o poderoso frio contorna
sentimentos, tristezas, recordações antigas.
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