Ser avó é ser mãe duas vezes. A sensação é a mesma e por isso eu custei a te chamar de neto e até agora, que já estás com sete meses, eu às vezes te chamo de “meu filho,” o que faz a tua mãe repetir: neto, mãe, neto, mãe. Mas pouco importa como te chame, o amor é o mesmo e duas vezes maior. Quando chegastes, eu mal podia acreditar que o círculo da vida estivesse se repetindo. E aos pouco, eu fui me acostumando com a condição de ser avó. E és o neto mais maravilhoso que existe. Um bebê lindo e inteligente e que já entende tudo o que se fala e sabes muito bem quando estão falando de ti. Como és muito fotogênico, tua mãe, como fotógrafa, já está te usando como modelo para propaganda de roupa infantil. Ainda não posso brincar contigo como gostaria, porque vovó vai ter que aprender a andar novamente, depois de sessenta dias com a perna quebrada. Acho até que vou aprender a andar contigo. És o bebê mais observador que já vi. Observas tudo ao teu redor e já queres entender as coisas que vê e para que servem. Aprendestes bem rápido como chamar a atenção da tua mãe, quando estás com fome ou quando queres um colinho. Agora ela já sabe quando o choro é de verdade ou quando queres alguma coisa e não sabes ainda dizer o que é. Mas basta te dar qualquer coisa para pegar e brincar, que o choro para de repente Acredito até que serás um menino muito namorador, porque com cinco meses já pegava na mãozinha da tua amiga Valentina. E os beijos que aprendestes a dar, chegam até deixar marcas roxas no rosto da tua mãe. Se te tiram a mamadeira por qualquer motivo, pegas o que estiver mais perto, como a latinha de cerveja que eu estava tomando. Agora, todo o cuidado vai ser redobrado. Só espero já estar caminhando, para correr atrás de você e te levar na pracinha e te ensinar a andar no balanço e no escorregador.
Débora Benvenuti
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