Aqui no mundo a que chamo quarto, uma realidade escondida onde entro e permaneço quieta contando quantos passos tem o silêncio, permito-me desvanecer e levitar dentro do meu próprio corpo. Deixando para trás as cordas que me prendem o sorriso e tirando cuidadosamente a venda, dona de uma ilusão entorpecida, com que cubro os olhos quando mergulho no mar da sociedade, dispo-me do peso que me adormece o sonho e lavo o rosto e os ombros encolhidos de toda a tensão que a imagem escura da mente desenhou na pintura do meu corpo.
Suavizo... Relaxo... Imagino... E dos céus começam a entrar pela janela pequenas faíscas cósmicas preenchidas por milhares de luzes de todas as cores que rodopiam em meu redor, cantando melodias risonhas de corações harmoniosos, como se fossem pequenos seres, talvez do tamanho de uma mão humana, vindos de um outro planeta feito de felicidade e amor.
Possuem pequenas partículas preciosas dentro das suas barrigas minúsculas, luzes cintilantes que fazem os nossos olhos brilhar, e asas transparentes que se mexem rapidamente em pequenos e curtos movimentos tal como as fadas nos filmes de desenhos animados. Vêm transmitir-me informações diferentes, de um outro plano, de uma outra realidade... Informações iluminadas, amistosas... Informações que com a dúvida e análise persistente da mente não se entende mas com a presença da alma a se expandir pelo corpo através do coração se obtém e se sente... E como se sente... Pequenas dádivas, pequenos seres mágicos que vêm reconfortar o coração e ajudar a acender as luzes coloridas da aura, amando-as profundamente uma a uma, com a alegria de quem lhes dá vida.
Quem precisa de se agarrar a uma mente que analisa, controla, se cansa e faz sofrer quando através da janela do coração pode ver, sentir, saborear, visitar e experienciar um número infinito de universos paralelos?
A magia e o despertar começam onde a prisão da mente acaba...
No coração. Sempre, no coração.
Laura Mendonça
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