...um rapaz efémero de passagem...

 

...um rapaz efémero de passagem...

Portuguese

[ Este texto é para ser lido de rajada ]

 

Rolo. Rebolo. Rôlo. Ralo. Tapa depressa para que a àgua não fuja. Vou ficar até que a àgua já fria arrepie a minha pele. De galinha. Galinha gorda para uma boa canjinha com miúdos. Miúdos estes, que não páram quietos. Quieta. Aquieto-me no teu colo morno. Mordo a tua orelha, rio-me dentro dela e tu arrepias-te. Ficas com pele de galinha. Ovo. Pena. Pena de mim. Pena de ti. Pena de nós? Noz moscada que perfuma os sabores. Sabes bem. Bem, bem! Assim não dá! Dá. Dá-me. Dádá. Surrealismo. Surreal. Real. Realmente. Clean. Linear. Linha. Linhas com que me cozo. Cozo um ovo. Cozinho um banquete. Gozo. Muito gozo. Gozas e eu regozijo-me no teu gozo que gozo. De ti, da tua presença. Presente. Pre-sente. Sentes. Sentimos. Sentados. Sentimentos. Deslocamentos. Movimentos. Rebentos. Frutos e flores. Suculentos no primeiro relance... Tanto. Tão. Como um encanto. Canto uma melodia qualquer que sabe do que se passou. Saberá. Sei lá.

 

Lá longe onde ninguém nos pode ver, nem o tempo. Lá onde partilháste uma almofada morna comigo. Almofada anatómica. Atómica a nossa relação. Lá em cima. Lá lá lá, cantarolávamos por dentro. Dentro de um roupão. Pão. Torradinhas. Um pequeno almoço. Jantar. Falar. Passear. Rebolar. Lar. O teu ou o meu? Quantos queres? Escolho uma côr. Calha-me uma coisa qualquer inteligível. Legivel. Os risos e os “etecetras” que trocamos com os olhos, no meio de mil olhos e olhares que vagueiam ao som do beat. Beat. Beep. Beep. Mensagem nova. Não gosto de mensagens. Bagagens. Pesam-me. Fico sem nada p’ra dizer. Como fazer, como te chego. Emprestas-me um escadote. Dote. Lote. Não sei qual é a campainha. A minha. A tua. Rainha. Torre. Bispo. Peão. Mão. Na mão. No chão. Alçapão. Não tenho forças para o abrir. Abres? – Toc, toc! Quem é? Queres que seja eu a abrir? Ou fugir. Ou rir. Menhir. Rocha. Pedra. Bloco. Troco. Troco palavras contigo. E gosto do gosto. Gostas dos gostos que gastámos? Falámos. Fumámos. Cigarros. Charutos. Cigarrilhas. Um ao outro... Voláteis. Voa. Vai. Voa comigo. Vou. Vens. Vou. Sim. Vou indo. Vou. Voo. A grandes altitudes. Na vertigem da minha saliva misturada com a tua. Sim voo. Vou. Voar.

 

Volátil. És. Como se voasses. Efémero. O Rapaz-Efémero. Mero. Mero acaso. Caso e descaso os botões do meu casaco de lã. Hã? Tens uns olhos enormes, espantados de exstir!! Existo. Insisto. Cisco nesse olho, que olho. Pois, não dormimos. De corpo magro que encaixa impressionante como uma peça de puzzle no meu, magro. Corpo. Pele. Repele. Pele que colo na tua, que colas à minha. Corpos colados. Lados. Por todos os lados. Dissimulados. Mornos. Fornos. Tornos. Aperta-me. Aperto-te. Aqueço-me. Arrefesso-me. Peço-te. Peças. Puzzle. Nós. Tu, eu. Vós. Vozes. Tagarelar. Ronronar. No teu ouvido. Nunca tinha. Já ouviste? Deixas-te ir? Ir e vir. Rir. Divertir. Dormir. Óó. Oh, anda cá! Repousa no meu colo. Rebolo. Enrolo. No teu colo. Quero-me encaixar. Adocicar. Açúcar. Doce. Como se fosse. Como se fosses, meu. Rapaz-Efémero!

 

 

20/21 de Fevereiro 2003

(007 Rapaz-Efémero. Vem buscar-me à minha varanda)

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