Nada tem graça
Nada tem sabor
O meu entusiasmo é o meu fracasso
E a minha raiva é o início da minha dor.
Quando olho o céu só vejo o chão que piso
E quando vejo o chão que piso a única coisa que sinto é o céu que olho...
Se calhar estou louca.
Ou talvez sempre fui...
E se sou? Não devo a minha lucidez a ninguém por isso não devo ter nada com que me preocupar!
Mas eu queria tanto ter de me preocupar com alguma coisa...
Sinto-me tão vazia no que toca a estar ocupada com algo que não seja o meu discreto silêncio...
Discreta... Sou lá discreta!
Tem dias que me sinto o céu... A minha alma expande-se por todo o infinito e eu voo sem ter de voar.
Mas tem outros dias em que me sinto uma tartaruga bebé à procura da carapaça para se poder refugiar o mais rapidamente possível.
Ai, se eu não fosse tão louca... Como seria tão serena...
Ai, se eu fosse mais lúcida... Como a minha vida seria aborrecida...
Se eu ao menos conseguisse descobrir a chave secreta para poder abrir as portas dos quartos da minha alma... Aqueles quartos que estão abarrotados de paz e alegria e de uma harmonia infinita que me faz levitar...
Se eu ao menos conseguisse sentir alguma satisfação em não sentir coisa nenhuma!
Ai, se eu não fosse este furacão de sentimentos e emoções... Poderia caminhar livremente pela estrada da vida e apreciar cada flor que crescesse no meu caminho.
E se os meus pensamentos fossem o meu ponto de equilíbrio em vez de serem esta inquieta multidão de ideias confusas, eu poderia finalmente ser feliz...
Mas... E depois de o ser?
O que faria?
Laura Mendonça
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