A cidade abre-se em aromas fétidos, precipitados pelo rasto dos transeuntes.
O fumo cobre o ar de cinzento negro, que escurece as ruas sujas,
calçadas por obreiros descalços, analfabetos, hediondos, moribundos, sedentos.
Que, embriagados pelo absinto cheio dos botequins,
arrastam os olhos até às traseiras das mulheres de saia predadora.
A cidade está podre.
A água que escorre nas bermas é fel.
Os prédios são bílis.
Os carros e os comboios são sucos gástricos.
As pessoas são muco pegajoso, saliva inflamável.
A cidade está doente.
E a doença é a peste, a febre, a cólera. E a peste é a gente. E a gente é a morte.
E a morte é esse sítio circular, à volta do qual se anda, porque de lá não se pode sair.
A cidade é a morte e da morte não se foge.
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