Se houver eco nas palavras que dizemos
Não é porque possuímos as nossas mãos
Mas tão-somente porque o tempo não passa.
Continuamos a estender a roupa e a passar a ferro,
A dar pontapés na bola e a passear de carro ao domingo.
Os patronos nunca têm telhados de vidro
E os escravos usam as grilhetas para coçar-se
(a sarna aparece de repente e sem fim à vista…).
INQUIETAÇÃO, INQUIETAÇÃO, INQUIETAÇÃO!
OCCUPY!
Há palhaços felizes e outros tristes
Mas nunca saem de cena haja aplausos ou não…
A marcha da própria vida tem bocas a fazer de umbigo!
É o cordão umbilical das mães que nos dão livros
Que os ouvidos entopem logo à chegada…
Quem tem juízo fica calado para não saltar fora
Do barco que não tem mastro e só vai de vela
Sempre, sempre, sempre até esbater-se ao quadrado!
OCUPAÇÃO, OCUPAÇÃO, OCUPAÇÃO!
FREE YOUR MIND!
Não há espaço para o silêncio nas praças
Nem olhos invertidos nas falas do teatro:
Os gambuzinos estão alerta e com espadas de prata...
Não vá o diabo tecê-las antes das velhinhas vestirem o xaile
À porta das igrejas ficam de pé os padres.
E volta e meia os pastores cantam o fado alegre
Sem que seja preciso pinturas de jarras!
Já não há fogueiras para limpar os destroços das casas...
INQUIETAÇÃO, OCUPAÇÃO, OCUPAÇÃO,
INQUIETAÇÃO, INQUIETAÇÃO, INQUITEÇÃO!
OPHELIA
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