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O meu mundo é diferente do teu.
No teu mundo cada coisa tem seu lugar. No meu mundo não há lugar para coisa alguma.
No teu mundo os tempos são medidos em compassos alternados com base nas urgências da vida, mas seguindo uma ordem pensada, mesmo que essa ordem teime em ser desconcertada. Até o teu “à toa” segue um risco meio adivinhado. A sorte é ausente e apenas o acaso permanece no desconhecido.
No meu mundo não há regras nem tempos. Há impulsos que se aceitam ou se negam. Há muros que se saltam sem saber o que existe do lado de lá. A sorte, essa faz parte do dia a dia. O acaso gera sempre algo valioso e o azar?, e o azar foge de mim.
Tão diferentes que somos…
E de tão desiguais, nossas vidas convergem nos pontos extremos de um mesmo círculo de 360 graus.
E tu, do teu lugar parado, desafias-me! Desafias-me a transformar-te num poema desmedido que rompe com as palavras regradas e que rasga um lugar em mim.
Quero tanto! mas tanto, reconhecer esse lugar.
Dizias-me:
“Tu! Tu és do mundo!“ Sem metade, sem encaixe, sem lugar para aquilo que te faz falta.”
Começo a entender o que dizias…
Quero fazer parte do teu mundo, dar existência a um lugar nosso onde serei uma regra tua e tu o meu impulso permanente. Continuas a desafiar-me! Desafias-me a dar-te o que guardei para mim, apesar de eu ser do mundo, não dei o meu mundo a ninguém. Aceitas o meu mundo? Aceitas viver o descontrolo? Viver num lugar nosso sem espaço para nenhum metrónomo? Quero! Quero despir-te! Despir-te de preconceitos, de tabus. Mostrar-te o que existe para além do muro. Ensinar-te o quão valioso é aceitar o que a vida nos devolve.
O meu mundo já não é tão diferente do teu. Desestabilizei o teu, ganhaste espaço no meu e criámos um mundo nosso, onde duas metades encaixam e se fundem igual a um Poema de Amor.
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Eva Vieira
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